Histórico
O M41 Walker Buldog trouxe às tripulações de carros de combate brasileiras inovações tecnológicas de grande monta, como o sistema de acionamento hidráulico da torre, maior velocidade de deslocamento e sistemas de mira. Seu novo canhão M32 de 76 mm também era muito superior aos canhões empregados nos tanques da década de 1940. A versão M41A3 estava equipada com um sistema de visão infravermelho, aparato até então inédito no país, e apesar de estar presente em um pequeno número de carros possibilitou a imersão dos tripulantes brasileiros em uma tecnologia de suporte a combate realmente nova. Naquele momento era reequilibrada a balança de poder terrestre na América do Sul, então fortemente inclinada para a Argentina. Esse modelo de carro de combate representou a base de toda a formação da força blindada no Brasil, a partir da década de 1960.
Estes Carros de Combate nunca participaram de combates efetivos, mas na maior operação já feita pelo Exército Brasileiro envolvendo um grande número de Carros de Combate de diversos modelos (M-4 Sherman, M-3 Stuart, M-41 Walker Bulldog) num longo período, mais de uma semana, envolvendo diversos deslocamentos e vivendo situações em que a tripulação é obrigada a "viver" em seus veículos e próximos a eles em condições para combate que foi durante a Revolução Militar de 1964, os M-41 estiveram envolvidos em manter locais de importância estratégicas, principalmente no Rio de Janeiro, então estado da Guanabara e na Capital Federal Brasília, DF.Diversos problemas surgiram e eles foram aos poucos sendo resolvidos, pois nossas quantidades de veículos militares, sempre pequenas, não motivavam os fabricantes, especialmente as multinacionais, sem autonomia para desenvolver ou adotar modificações em seus produtos, o que levou a optarmos pelo possível, face à impossibilidade de executarmos o desejável.
No caso dos M-41 a ideia inicial era de prolongar sua vida útil até os anos 90, pois os projetos de blindados brasileiros já estariam amadurecidos e diversas empresas genuinamente brasileiras estariam em condições de suprir a demanda não só do Exército, como também se mantendo através de exportações, e o parque industrial voltado para os produtos de defesa, também já estaria consolidado, fato que foi real até final dos anos 80, mas impossível de ser atingido nos 90 e quase uma ficção no limiar do século XXI, nos obrigando novamente a importar veículos de segunda mão, alguns aquém de nossas necessidades, mais por problemas políticos do que técnicos.
O Carro de Combate Leve M-41 era o que tínhamos de melhor e em quantidade maior, foi a base de toda a formação blindada no Exército, seja de grande unidade (5ª Brigada de Cavalaria Blindada) a unidades menores (1º, 2º, 3º, 4º e 5º Regimento de Carros de Combate, 4º, 6º, 9º e 20º Regimento de Cavalaria Blindado) mais Escola de Material Bélico - EsMB, berço dos blindados e templo da manutenção do Exército. Inicialmente a modernização foi feita a partir da mudança do motor, no lugar do original a gasolina foi inserido um diesel modelo Scania DS14, mantendo a caixa de transmissão original, o que trouxe grande dor de cabeça aos operadores deste veículo, pois era comum a quebra do eixo entre a caixa e o motor, causando grande quantidade de veículos indisponíveis em suas unidades. Outro complicador foi o fato de se ter de alongar a parte traseira para a colocação do novo motor diesel, o que na realidade alterou o centro gravitacional do veículo, causando grandes desgastes em suas lagartas, problemas até hoje não solucionados. Mas o principal foi no armamento, o original possuía um canhão de 76mm, e a Bernardini ao lançar o modelo M-41B o equipou com um canhão Cockerill de 90mm, similar aos usados nos blindados EE-9 Cascavel da Engesa e fabricado por ela sob licença da Bélgica, e dos da família XIA2 Carcará da Bernardini. Apenas dois blindados receberam estes canhões para testes. Vários operaram com o canhão de 76mm na versão denominada também de M-41B, depois foram transformados em C com canhão de 90mm)
Bulldog M41B
Após estes testes a conclusão que o pessoal do exército chegou foi a de que ao invés de comprar canhões novos para equipar todos os M-41, optou-sepela forma mais barata, ou seja aproveitar o canhão de 76mm original, encamisando-o e posteriormente broqueá-lo no calibre de 90mm, com o mesmo número de raias do Cockerill Engesa, podendo desta forma utilizar a mesma munição do Cascavel, pois o Exército havia adotado o calibre 90mm como padrão.
Este processo foi uma solução para resolver o problema do M-41, sendo que ao redor da torre original foi acrescentada diversos compartimentos, dando uma nova configuração a mesma e desta forma o carro recebeu a designação de M-41 C (Caxias), tendo um sido apresentado com saias laterais, não adotada nos demais da série. Curioso o fato de nenhum carro de combate brasileiro possuir saias laterais que os protegem contra munição de carga oca. Coube à firma Novatração Artefatos de Borracha S/A a modernização das lagartas.
A partir daí não mais se cortou o canhão de 76mm, podendo encontrar M-41 C com dois tamanhos de canhão no calibre 90mm. Esta operação de fazer uma nova perfuração no canhão trouxe alguns problemas para diversos carros, pois as paredes internas, em alguns casos, possuíam um lado mais grosso que o outro, o que ainda é comum encontrar nos M-41 C remanescentes. Outro fator que não foi resolvido foi o fato de que após alguns disparos a torre se enchia de fumaça, dificultando o trabalho da tripulação, não funcionando muito bem os sistemas de extração de gases. Na realidade o fato de ter transformado o canhão de 76mm em 90mm não o fez melhor, mas sim pior que o 76mm original, pois levaram em conta apenas o tipo de munição que iriam empregar, a de 90mm era fabricada no Brasil e a de 76mm não. (Exemplo: Munição HE no canhão de 76mm, velocidade de 732m/s com ll,7kg de explosivo e no canhão de 90mm, velocidade de 700m/s com 8,5kg de explosivo). A ideia era exportar para outros países a tecnologia desenvolvida no repotenciamento do M-41, sob a forma de um kit, mas esta não vingou, pois a crise que o setor de defesa brasileiro viveu no final dos anos 80 e 90 foi fatal, os grandes projetos morreram, os blindados repotenciados ou produzidos foram chegando numa fase crítica, sua substituição está sendo através de compras de material de segunda mão de diversos países, o Brasil pela primeira vez adquiriu seus primeiros MBT (Tanque Principal de Combate), M-60 A3 TTS e LEOPARD 1A1, respectivamente dos Estados Unidos e Bélgica, relegando quase que de vez os já obsoletos M-41C, muito embora eles ainda continuem prestando serviços em diversas unidades do Exército, principalmente na formação dos futuros combatentes da força blindada. Vale ressaltar que na América do Sul, além do Brasil, apenas o Uruguai opera uma versão do M-41 denominada de M-41 A1U com canhão de 90mm Cockerill mark IV, num total de 22 unidades, modernizados na Alemanha. Os Estados Unidos também testaram uma versão do M-41 com canhão de 90mm, denominada T-49 mas não levada adiante.
M41 em exposição (foto do autor do blog 11/11/2017)
O desenvolvimento do projeto de modernização do M-41 e dos outros veículos não foi em vão, eles nos ensinaram muitas coisas, resta saber se o aprendizado valeu e se seus erros e acertos serão aproveitados para o futuro, pois, principalmente os Leopard necessitarão de modernização num futuro próximo e aí vamos dar emprego no exterior ou refletir sobre o nosso passado recente e evitar os erros, mas sem dúvida pensar mais nos acertos e incentivar técnicos brasileiros na solução deste velho problema. Os M-41 C continuam a ser maioria no Exército Brasileiro e sobreviverão ainda por muitos anos. Vale salientar que com esta experiência a Bernardini chegou a desenvolver um novo Carro de Combate chamado TAMOIO, que nada mais era do que um derivado direto do M-41, um pouco maior e com nova roupagem, previsto para ter canhão de 90 e 105mm, dependendo da versão. Os componentes dos protótipos, em sua maioria eram oriundos do M-41, rodas, lagartas e até o próprio canhão de 76mm no primeiro protótipo elaborado em conjunto com o CeTEx (Centro Tecnológico do Exército) no Rio de Janeiro, RJ não passou da fase de protótipos. No início da segunda metade da década de 1970, a frota de Walker Buldog brasileira apresentava o desgaste dos anos de operações, sendo acometida por altos índices de indisponibilidade causada também por deficiências no suprimento de peças de reposição, mais notadamente as relacionadas ao grupo motriz, sendo este fato agravado pelo rompimento do acordo militar Brasil – Estados Unidos.
Fontes:
https://jmodels.net/de-hombres-y-maquinas/tierra-land/m41-walker-bulldog/
https://pt.m.wikipedia.org/wiki/M41_Walker_Bulldog
https://www.globalsecurity.org/military/systems/ground/m41.htm
https://jmodels.net/de-hombres-y-maquinas/tierra-land/m41-walker-bulldog/
https://pt.wikipedia.org/wiki/M41_Walker_Bulldog
https://www.defesanet.com.br/leo/noticia/31421/CARRO-DE-COMBATE-LEVE-M-41-WALKER-BULLDOG-NO-EXERCITO-BRASILEIRO-1960---2001-/
http://www.cporpa.eb.mil.br/index.php/qrcode/465-carros-de-combate-do-museu-m-41-walker-bulldog-1
https://pt.topwar.ru/98852-legkiy-tank-m41-walker-bulldog.html
https://mikesresearch.com/2019/03/24/m41-walker-bulldog/
https://armasonline.org/armas-on-line/antigos-equipamentos-do-exercito-brasileiro/
https://en.wikipedia.org/wiki/Walton_Walker
- Notas do Folheto do Fabricante Tamiya que acompanha o kit M41 Walker Buldog
- Notas e textos produzidos pelo autor do blog baseados em diversos artigos pesquisados nos sites relacionados
- Fotos Extraídas da Internet de diversos sites citados acima e que são de domínio público
- Última foto de propriedade do autor do blog que a partir deste momento torna-se de domínio público por consentimento do proprietário dos direitos autorais.
OBS. (PS.) - Tanto os artigos quanto as fotos podem ser replicados desde que citadas as fontes.
No próximo post a apresentação do kit para montagem
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