O balão deveria suportar ventos de 300 km/h e manter sempre sua altitude de voo dentro da corrente de ar
Os japoneses decidiram construir um balão à base de camadas de papel feito de fibras do kozo (amoreira), coladas com uma pasta chamada konnyako, obtida a partir de um tipo de batata japonesa. A pasta cobria os poros do papel, impedindo que o hidrogênio, com o qual o balão era inflado, escapasse.
O maior problema a ser resolvido era o de manter o balão dentro da corrente de ar. A noite, a temperatura exterior poderia chegar até -50°C enquanto, durante o dia, podia variar entre 0° e 30°C, o que produziria contrações e dilatações, além da perda de sustentação, em função do resfriamento ou aquecimento do hidrogênio. O balão teria de manter-se entre os 9.144 metros e 11.582 metros de altitude, intervalo por onde a corrente circulava, durante os 9 mil quilômetros do trajeto entre Japão e Estados Unidos. Para solucionar a questão, foi criado um engenhoso sistema que consistia no seguinte: um anel de alumínio perfurado sustentava um explosivo e ficava envolto por uma corda da qual pendia um saco de lastro a cada duas perfurações. Ele ficava suspenso no balão por meio de 19 cabos de 15 metros de comprimento, presos em sua parte inferior a um único cabo e, na superior, a um sistema de suspensão incorporado à esfera do balão.
O balão era lançado algumas horas antes do amanhecer e inflado o suficiente para chegar à altura em que a corrente circulava. Quando os raios de sol incidiam sobre a esfera do balão, o hidrogênio aquecia-se e expandia o balão, fazendo-o elevar-se ainda mais, mas sem ultrapassar o limite superior da corrente. Nessa altitude, ele se manteria ao longo do dia. Quando a noite chegava, a baixa temperatura produzia o efeito contrário e o balão descia. Se a altitude chegava perto do limite inferior, um barômetro enviava um sinal elétrico, gerado por uma bateria de 1,5 volt montada sobre ele, a um dos pares de detonadores que, ao explodirem, cortavam a corda que mantinha suspenso o saquinho de lastro contendo 3 quilos de areia. Isso aliviava o peso do balão e fazia que ele se elevasse. Esta operação repetia-se durante todo o trajeto, desenhando uma trajetória ondulada.
Detalhes dos sacos de lastro necessários nos balões para superar os problemas decorrentes da longa travessia e da grande altitude
Quando estivesse sobre a América do Norte, um pequeno ativador, colocado na junção das duas meias esferas do balão, acendia um pavio de 20 metros de comprimento e de combustão lenta que chegava até o anel de alumínio, onde começava a desenvolver-se o processo de lançamento das duas bombas incendiárias, uma bomba antipessoal de 15 quilos e a carga de autodestruição do balão. Depois de 1 hora e 22 minutos, tempo que o pavio levava para queimar, ele alcançava o dispositivo de lançamento e iniciava a combustão de dois outros pavios: um, com um tempo de queima de 2 minutos e 16 segundos, ativava o sistema de lançamento das bombas; o outro, que se consumia em 2 minutos e 49 segundos, fazia o balão explodir com uma carga de autodestruição.
Entre outubro e abril, a corrente podia atingir velocidades que variavam de 193 a 298 km/h. Durante os cinco meses em que se podia realizar a operação, de novembro a março, dispunha-se de apenas 50 dias em que as condições eram adequadas para a operação. Por isso, para o outono de 1944 os japoneses construíram cerca de 10 mil balões. O lançamento sobre os Estados Unidos começou em 3 de novembro de 1944, à razão de 200 por dia. Ao todo, os japoneses lançaram 9,3 mil balões, dos quais 250 alcançaram os Estados Unidos.
Em 5 de maio de 1945, o reverendo Archie Mitchell, acompanhado de sua esposa grávida e de cinco crianças da congregação, saiu da igreja de Bly, no estado de Oregon, para dar um passeio pelo bosque, quando viu um balão murcho pendurado nos galhos de uma árvore. Um dos componentes do grupo começou a puxar as cordas e a bomba anti pessoal explodiu matando todos os integrantes do grupo, com exceção do pastor. Estas foram as únicas mortes de civis causadas por um ataque japonês aos Estados Unidos. Em suas lápides, figura a inscrição:
"Mortos por um balão-bomba inimigo".
Os curiosos BALÕES-BOMBA. OS norte-americanos registraram 285 sobre seu território, embora se calcule que chegaram mil dos 9 mil lançados pelos japoneses
Fonte: Coleção 70 anos da IIª Guerra Mundial - fascículo nº 24
Forte Abraço
Osmarjun
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