História & Modelismo: Guerra nas Montanhas - Histórias das Grandes Guerras Mundiais

GUERRAS NAS MONTANHAS

Referem-se as montanhas ou terrenos similarmente acidentados. Esse tipo de conflito também é chamado de guerra alpina, em homenagem às montanhas dos Alpes.

Dominar cadeias de montanhas são de importância estratégica, pois as dificuldades naturais acabam proporcionando uma grande vantagem. Atacar uma posição inimiga preparada em terreno montanhoso requer uma proporção maior de soldados. Montanhas em qualquer época do ano são perigosas - relâmpagos, fortes rajadas de vento, quedas de rochas, avalanche, bloco de neve, gelo, frio extremo, geleiras com suas fendas e o terreno irregular geral e o ritmo lento do movimento de tropas e materiais são ameaças adicionais aos combatentes. Movimentos, reforços e evacuação médica nas encostas íngremes e áreas onde nem mesmo os animais de carga podem alcançar de forma adequada envolvem enorme esforço de energia.

O termo “Guerra de Montanha” surgiu na Idade Média, depois que as monarquias da Europa acharam difícil lutar contra os exércitos suíços nos Alpes, na campanha italiana de Bonaparte e na rebelião de 1809 no Tirol, a guerra nas montanhas desempenharam um grande papel.

Outro exemplo de guerra de montanha foi a travessia dos Andes realizada pelo Exército argentino dos Andes (espanhol: Ejército de los Andes) comandado pelo General José de San Martín em 1817. Uma das divisões ultrapassava os 5.000 m de altura.

Em 218 a.C., Segunda Guerra Púnica soldados de Aníbal comandante do exército cartaginês marcharam com tropas de cavalaria e elefantes africanos através dos Alpes em um esforço para conquistar Roma, aproximando-se do norte da península italiana. O governo romano foi complacente porque os Alpes eram aparentemente um obstáculo natural, seguro contra os invasores. Muitos elefantes não sobreviveram ao clima frio e às doenças típicas do clima europeu. O exército de Aníbal lutou contra as tropas romanas na Itália por 15 anos, mas não conseguiu conquistar Roma. Cartago foi finalmente derrotado pelo general romano Scipio Africanus em Zama no norte da África em 202.

Primeira Guerra Mundial

Quando falamos em Primeira Guerra Mundial de imediato lembramos das tão temíveis “Guerras de Trincheiras”, porém não podemos jamais nos esquecermos que muitas batalhas sangrentas foram travadas principalmente nas montanhas italianas. Durante esse período algumas das nações envolvidas tinham divisões nas montanhas que até então não haviam sido testadas.

No início do conflito a Itália tinha muito interesse em territórios controlados pelo Império Austro-Húngaro ao longo da costa dos Alpes. Mesmo fazendo parte da Tríplice Aliança os italianos mudaram de lado e acabaram declarando guerra à Áustria/Hungria.

As tropas italianas marcharam rapidamente para as posições no Planalto Cársico e nos Alpes, porém seus oponentes com defesas fortificadas foram capazes de repelir as ações dos italianos na região. Cinco batalhas ao longo dos anos de 1915/1916 terminaram com baixas pesadas. O terreno montanhoso oferecia sempre desafios únicos, escalar penhascos para atingir posições inimigas era nefasto além das bombas de artilharia que acabavam por tornarem-se armas mortíferas. Ulcerações e avalanches eram tão mortais quanto as balas.

Em outubro de 1917 com ajuda de tropas alemãs os Austro-Húngaros derrotaram os italianos na Batalha de Caporetto. Em 1918 já em colapso os exércitos Austro-Húngaros com soldados desertando em massa sofreram com um empurrão italiano bem-sucedido ocasionando a rendição de mais de 300.000 soldados culminando com a assinatura do armistício e por consequência o final do conflito. As baixas de ambos os lados foram pesadíssimas, estimadas em mais de 2 milhões de pessoas.

Segunda Guerra Mundial

Nada foi diferente neste conflito, muitos locais de montanha foram ocupados durante o conflito em vários países que renderam importantes batalhas, destaques para as da Grécia e Itália na região dos Apeninos ocupada pelos alemães. Foram criadas linhas de defesa mantendo as tropas entrincheiradas no alto das montanhas.

Batalhas de Monte Cassino, Monte Castelo dentre outras causaram pesadas baixas principalmente aos aliados e são sempre bastante lembradas. Vale aqui destacar a importância das tropas brasileiras da FEB que trabalharam em conjunto com a famosa 10ª Divisão de Montanha Americana, obtendo importantes conquistas.

Conflitos na Caxemira

Desde a partição em 1947, Índia e Paquistão vivem em conflito pela região da Caxemira. Eles travaram duas guerras e numerosas escaramuças adicionais ou conflitos de fronteira na região. A Caxemira está localizada no Himalaia, a cadeia de montanhas mais alta do mundo. As primeiras hostilidades entre as duas nações, na Guerra Indo-Paquistanesa, mostraram que ambas estavam mal equipadas para lutar no frio cortante, muito menos na altitude. Durante a Guerra Sino-Indiana de 1962, as hostilidades eclodiram entre a Índia e a China na mesma área.

A subsequente guerra entre a Índia e o Paquistão em 1965 foi travada principalmente nos vales da Caxemira. Na Guerra Kargil de 1999, as forças indianas buscaram expulsar os oponentes que haviam capturado postos de alta montanha. A guerra por procuração em 1999 foi a única guerra moderna travada exclusivamente nas montanhas. Após a Guerra de Kargil, o Exército Indiano implementou treinamento especializado no uso de artilharia nas montanhas, onde projéteis balísticos têm características diferentes do nível do mar.

Outras Guerras

A Guerra das Malvinas, do Afeganistão em diversas etapas foram outros acontecimentos que aconteceram envolvendo batalhas em regiões montanhosas. Os combates em montanhas e regiões inóspitas apresentam uma curiosa forma de luta mais acirrado e que desafia sempre os exércitos a se reinventarem para poderem conquistar e manter seus objetivos.