Gare
de Campinas
(Inaugurada em 11/08/1872)
retrato do abandono
Na
tarde de hoje dia 14/07/2013 estive visitando acompanhado de minha família, mais uma vez a Estação
Ferroviária de Campinas, a cidade onde nasci e vivo até hoje, há exatos 53 anos.
Apesar
de estar situada bem próximo de onde resido, coisa de 5 minutos de
automóvel, assim mesmo com a correria do dia a dia e de todo o trabalho, os
dias vão se passando e acabamos por esquecermo-nos de como ela é e foi muito
importante e bonita. Campinas é hoje e sempre foi a segunda cidade do Estado de
São Paulo, grande polo industrial, comercial, médico e principalmente
estudantil. Aqui nasceram e se formaram pessoas ilustres.
retrato do abandono
Bem,
como não é minha intenção ficar aqui contando a história de Campinas, que pode
ser vista em muitos lugares na web, volto a falar sobre o principal
entroncamento ferroviário do estado e também de toda região Sudeste do Brasil,
que há muito tempo deixou de existir, pois no Brasil a máfia das rodovias, dos
pedágios, das cargas, do óleo diesel, dos ônibus e caminhões de transporte de
carga e passageiros contribuiu muito para o desaparecimento do trem, como
principal meio de transporte, barato, confortável, pontual e principalmente,
elegante e charmoso.
Lembro-me
de quando menino eu embarquei nesta estação muitas vezes com destinos variados,
em férias, acompanhado de meus pais, avós e tios, pessoas estas (avós e tios)
que trabalharam e aposentaram-se como empregados na ferrovia. Meu avô materno,
que não cheguei a conhecer inclusive teve sua vida ceifada por uma composição,
quando saía de seu turno de trabalho na ferrovia.
Minha
paixão por trens vem creio, desde o ventre de minha mãe então. Está no sangue,
aquele mesmo derramado pelo meu avô e talvez pelas alegrias e pelas belas
paisagens das viagens que empreendi. Residia naquele tempo bem próximo do
conglomerado ferroviário, então a imagem de trens chegando e partindo e em manutenção
ainda é algo bastante vivo em minha memória.
Creio
que levarei isto comigo até o final de minha vida e mais um pouco ainda...
Voltando
ao motivo deste post, a nostalgia que senti na tarde de hoje quando acompanhado
de minha filha de 15 anos que sequer teve a chance de ver tudo aquilo funcionando,
pude acompanhá-la no passeio e aos poucos matando toda curiosidade dela sobre o
muito pouco que ainda restou de todo aquele acervo, coisa que devemos agradecer
e muito hoje ao ex-prefeito Antônio da Costa Santos (in memoriam) brutalmente assassinado
há 12 anos e que teve a coragem de bancar uma restauração e reincorporação de
quase todo aquele patrimônio que estava fadado a desaparecer, desativado que
estava, apenas aguardando a liquidação por credores, que certamente venderiam
tudo a especuladores imobiliários. Porém nosso querido Toninho, que como eu disse
acima foi brutalmente assassinado e não pode ver este que era um de seus maiores
sonhos todo recuperado. Governos municipais que o sucederam importaram-se
apenas com a propriedade para alocar ali secretarias de governos, e outras
instituições e pessoas que sequer viveram o momento mágico daquele prédio,
gente que não nasceu aqui, não viveu a cidade de Campinas como eu vivi e que
cuidaram apenas de impregná-lo, enchê-lo de coisas e itens sem utilidade, sem
valor histórico, espaços doados às tribos e ONGs que apenas delapidaram todo
valor histórico do local e que hoje serve apenas para constatarmos seu abandono
quase total e para fazer rolar uma lágrima no rosto daqueles saudosistas (se
quiserem me chamem assim) que assim como eu ainda são capazes de se transportar
quando ali adentram, aos tempos com total glamour, na época em que as ferrovias
eram a magia dos adultos e crianças que como eu cresceram embalados por partidas
e chegadas, dos vapores, das máquinas elétricas e a diesel e principalmente da
rota do destino que não volta mais.





Dói
no peito uma saudade, que vivi com meus avós, pais e amigos, mas que, porém jamais
terei a chance de reviver com minha filha, a não ser através de um sonho de uma
grande e imortal saudade!
O sorriso no rosto foi pedido de minha filha,
pois a alma deste autor estava triste com todo descaso
Obs: as imagens aqui adicionadas, foram fotos de autoria do autor do blog e de minha filha e as demais retiradas da web.
Em tempo, gostaria de dizer que as fotos postadas aqui são de alguns anos atrás e outras do dia de hoje, porém bastante revoltado com o que vi por lá, nego-me a publicar algumas imagens que só mostrariam a degradação e abandono do lugar, muito triste, fruto de várias administrações municipais preocupadas apenas em destruir a memória da minha cidade, Fica aqui meu protesto!
Até meu próximo post.
Forte Abraço !
Osmarjun