História & Modelismo: STALINGRADO - Histórias da Segunda Guerra Mundial

STALINGRADO

BREVE HISTÓRICO

A Batalha de Stalingrado representa um dos grandes momentos da Segunda Guerra Mundial (1939–1945), quando ocorrida sob o conflito da chamada Operação Barbarossa — a invasão alemã à União Soviética. Foi um confronto épico e brutal entre a Wehrmacht, o exército regular alemão, e o Exército Vermelho (soviéticos), tendo como local de batalha a cidade símbolo de Stalingrado (atual Volvogrado).

Ficou conhecida como uma das maiores batalhas da história e marcou a virada na guerra contra a Alemanha Nazista, fato consumado ao seu final em fevereiro de 1943. Tropas soviéticas e alemãs se enfrentaram em uma batalha extremamente sangrenta. Estima-se em mais de 2,2 milhões de soldados envolvidos e que houve 1,8 milhões de mortos, feridos ou capturados.

“Em seu livro Mein Kampf, Hitler imaginou um território alemão que se estendia até o Volga. Em Stalingrado, os nazistas ficaram a poucos metros de sua ambição. Mas, a um custo terrível, os russos empurraram os alemães de volta”

O VALOR DE STALINGRADO

Estrategicamente, a cidade de Stalingrado possuía inestimável valor simbólico por ser um renomado bastião ideológico da União Soviética que levava o nome do seu próprio líder soviético, Stalin. Stalingrado também abrigava um importante centro de produção de armamentos em massa e a cidade se estendia por 50 quilômetros a volta do rio Volga. Após as primeiras semanas, a cidade ficou em completa ruína, restando apenas o valor simbólico e se convertendo em uma importantíssima cabeça de ponte para os soviéticos. Cabeça de ponte porque do outro lado do rio Volga os soviéticos acumulavam tropas e equipamentos em segurança para a sua contraofensiva. A infantaria alemã foi apoiada por caças e bombardeiros que atacaram e bombardearam impiedosamente as posições soviéticas na cidade e em seus arredores, deixando Stalingrado em ruínas logo nas primeiras semanas da batalha. O confronto em Stalingrado foi selvagem e durou do dia 23 de agosto de 1942 ao dia 2 de fevereiro de 1943. Os alemães iniciaram a batalha com um forte e aparentemente irrefreável avanço, encurralando as tropas soviéticas em pequenos bolsões de resistência que logo cairiam em uma margem estreita no rio Volga. No entanto, apesar das investidas alemãs, o Exército Vermelho resistia ferozmente dia após dia, causando uma verdadeira luta de casa por casa, rua por rua, na qual ambos os lados se caçaram incessantemente. Os alemães mostraram admirável disciplina após terem sido cercados, na primeira vez em que lutaram sob condições adversas desta escala na guerra. Durante as últimas semanas do cerco, muitos soldados morreram de fome e frio.

A VIRADA DOS SOVIÉTICOS

Josef Stalin nomeou o marechal Andrei Yeremenko comandante da frente sudeste em 1º de agosto de 1942 e o comissário político Nikita Kruschev, ambos foram encarregados do planejamento da defesa de Stalingrado. O lado leste da cidade se estendia ao longo do rio Volga e por sobre o rio os soviéticos trouxeram mais tropas do interior do país para sua defesa. Todas estas unidades combinadas, as que recuavam e os reforços trazidos pelo rio, formaram o 62º Exército soviético e seu comando foi entregue ao general Vassili Chuikov em 1º de setembro. As ordens de Chuikov foram as de defender Stalingrado a qualquer preço. No decorrer dos meses, o ataque alemão perdia cada vez mais fôlego e os soviéticos acumulavam tropas para expulsar a Alemanha de volta ao seu território. Em um movimento de pinça, o exército soviético conseguiu quebrar os flancos dos alemães que se encontravam protegidos por tropas estrangeiras (aliados da Alemanha), que facilmente cederam ao avanço soviético. Por fim o ataque soviético acabou por cercar o exército alemão, que passou a ser abastecido pela força aérea alemã, mas sem conseguir suprir efetivamente as tropas alemãs em terra. Hitler havia expedido ordem de não rendição ao exército em Stalingrado, mas a ordem acabou por ser descumprida pelo comandante, Friedrich Paulus.

No dia 24 de janeiro, foi enviada a Adolf Hitler mais uma mensagem desesperada assinada por Von Paulus que traduzia a real situação do 6º Exército:

"Tropas sem munição ou alimento. Contato mantido com elementos de apenas seis divisões. Indícios de fragmentação nas frentes norte, sul e oeste. Pouca alteração na frente leste. Dezoito mil feridos sem atendimento, ataduras ou medicamentos. As 44º, 76º, 100º, 305º e 384º Divisões de Infantaria destruídas. Não mais possível exercício de comando. Frente rompida em consequência de penetrações profundas por três lados. Só existem pontos fortes e abrigos no interior da cidade. Inútil continuar defesa. Colapso inevitável. Exército solicita autorização imediata para rendição a fim de salvar vidas das tropas restantes."

Durante seu depoimento em Nurenberg, Von Paulus declarou que recebeu a seguinte resposta:

"Capitulação impossível. O 6º Exército cumprirá com seu dever histórico em Stalingrado até o último homem a fim de possibilitar a reconstrução da frente oriental."

Adolf Hitler promoveu Friedrich Paulus a marechal-de-campo em 30 de janeiro de 1943, o dia do décimo aniversário da sua ascensão ao poder na Alemanha. Como jamais um marechal alemão havia sido feito prisioneiro de guerra, Hitler supôs que com a promoção Von Paulus fosse lutar até a morte ou se suicidar, mas quando as forças soviéticas na cidade se aproximaram de seu quartel-general, num grande departamento de lojas, no dia seguinte, ele se rendeu. Hitler fizera chover promoções e condecorações sobre Paulus e seus oficiais e praças que ainda viviam, mas o destino estava traçado.

O marechal telegrafouː

“O 6º Exército, fiel ao seu juramento e consciência da sublime importância de sua missão, manteve a posição até o último homem e o último tiro pelo Führer e pela Pátria até o fim”.

Em 31 de janeiro de 1943, o quartel-general do 6º Exército transmitiu sua última mensagemː

" Os russos chegaram na porta do nosso abrigo. Estamos destruindo nosso equipamento. (Esta estação não transmitirá mais)"

A batalha foi considerada um ponto de virada na Frente Oriental e marcou o fim da expansão alemã no território soviético. A partir desse ponto, o Exército Vermelho empurrou paulatinamente as tropas germânicas de volta à Alemanha. Em 31 de janeiro de 1943, o marechal de campo Friedrich Paulus, comandante alemão em Stalingrado, iniciou o processo de rendição das tropas alemãs — fato concluído em 2 de fevereiro de 1943. Friedrich Paulus, para salvar a vida dos seus soldados, havia desobedecido ordens expressas de Hitler que consistiam em lutar até o último soldado. Depois de Stalingrado, os alemães não ganharam mais nenhuma grande batalha. O 6º Exército da Alemanha foi exterminado e os poderes dos aliados europeus da Alemanha, com exceção da Finlândia, foram destruídos. Num discurso de 9 de novembro de 1944, o próprio Hitler culpou a derrota em Stalingrado pela morte iminente da Alemanha.