terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

O BRILHO DE MIL SÓIS - Histórias da Segunda Guerra Mundial




 O BRILHO DE MIL SÓIS
(A História da Bomba Atômica)


SE A LUZ DE MIL SÓIS
BRILHASSE DE UMA SÓ VEZ NO CÉU 
SERIA EQUIVALENTE AO ESPLENDOR DO TODO PODEROSO
EU ME TORNEI MORTE
DESTRUIDOR DE MUNDOS...

 (Trecho do Bhagavad-Gita, livro sagrado Hindú, lembrados pelo físico Robert Oppenheimer ao assistir a explosão da primeira bomba atômica em 16 de julho de 1945) 

Julius Robert Oppenheimer  
(Nova Iorque, 22 de abril de 1904 - Princeton, 18 de fevereiro de 1967)
Físico norte-americano 

O final da Guerra na Europa praticamente coincidiu com as etapas finais de montagem da Bomba Atômica norte-americana. Das bombas, na realidade: a equipe de Los Álamos havia desenvolvido dois modelos - um usando urânio enriquecido e outro, plutônio. O primeiro modelo baseava-se num mecanismo de funcionamento que ficou conhecido como método do gatilho: o urânio era
dividido em dois compartimentos separados da bomba, ligados um ao outro por um sistema de gatilho. Quando esse gatilho fosse disparado, as duas metades se uniriam, provocando a reação em cadeia. A bomba de plutônio, por sua vez, funcionaria com base no método de implosão: também dividido em dois hemisférios, o plutônio seria totalmente recoberto com explosivo convencional. Com a detonação desse explosivo, o plutônio seria empurrado para dentro, iniciando a reação em cadeia. Nesse método tinha de explodir ao mesmo tempo, de maneira a provocar uma pressão igual em toda a volta do plutônio.



ALAMOGORDO, 16 de julho de 1945

Com o final da guerra contra a Alemanha, o General Groves concluiu que era preciso testar a bomba no menor prazo possível: ela poderia ser o grande instrumento para a conquista da supremacia norte-americana no período pós-guerra. 
 
Gen. Groves
 
A equipe do projeto Manhattan trabalhou em ritmo ainda mais intenso para preparar uma explosão experimental. Ela seria feita em Alamogordo, no Deserto do Novo México, numa região conhecida - por ironia do destino - como Jornada del Muerto. Um modelo da bomba de plutônio foi colocado no alto de uma torre de metal, enquanto abrigos de observação foram montados para os cientistas a uma distância de cerca de dez quilômetros dali.
Um clima de grande tensão foi tomando conta de Oppenheimer e seus colegas, à medida que se aproximava o momento do teste. Essa tensão não tinha a ver somente com a pressa com que os preparativos estavam sendo encaminhados; estava ligada, sobretudo, ao medo de que o experimento resultasse num monumental fracasso. Dias antes da data marcada, os cientistas se reuniram para fazer apostas, um "bolão", sobre qual seria o resultado da explosão, comparando com o poder de destruição dos explosivos convencionais. As apostas variavam de 45 mil toneladas de TNT, palpite de Edward Teller, até 1.400 toneladas, opinião de George Kistiakowsky (na verdade Kistiakowisky achava até mesmo esta previsão excessivamente otimista). Mas também havia quem, em surdina, apostasse que, na realidade, não haveria explosão alguma.
 
Edward Teller

George Kistiakowsky

 Na madrugada do dia 16 de julho de 1945, quando cientistas e militares tomaram posição para observar o teste, entre uma explosão de grandes proporções e absolutamente nada, qualquer coisa podia acontecer.
Todos os olhares se voltavam ansiosamente para a torre, o ponto zero, no alto da qual estava colocada a bomba de plutônio, batizada de Jumbo. Ainda estava escuro quando a contagem regressiva chegou a zero, precisamente às 5h 29 minutos  da manhã e o mecanismo de detonação foi acionado.

Torre onde a Bomba Jumbo foi colocada

Bomba Jumbo



O SOL NASCE MAIS CEDO

A primeira coisa observada foi a emissão de um intenso raio de luz, forte demais para ser olhado diretamente: subitamente, era como se o sol tivesse nascido. Quando a claridade diminuiu um pouco, segundos depois, os atônitos espectadores puderam ver uma imensa bola de fogo se elevando aos ares; Gradualmente, o rugido da explosão foi chegando ao abrigo. Um som que, segundo o físico Otto Frisch, nunca o abandonou.

Otto Frisch

Décadas depois ele dizia que ainda podia ouvi-lo. Pela primeira vez na História, era observada a imagem que iria se tornar sinistramente conhecida daí em diante: o Cogumelo Atômico.


A reação dos observadores do teste ia do choro ao riso, passando pela perplexa imobilidade de quem parecia não acreditar no que via. O poder daquela única explosão foi equivalente ao de 18 mil toneladas de TNT. Satisfeito, o Gen. Groves determinou a um de seus ajudantes que tomasse medidas para manter o teste no mais absoluto sigilo. "Senhor! - respondeu trêmulo o oficial - "eu acho que o barulho deve ter sido ouvido em pelo menos cinco estados diferentes".
Robert Oppenheimer contaria posteriormente que, ao assistir ao teste de Alamogordo, afluíram à sua mente versos do Bhagavad-Gita, o belo poema religioso hindu escrito 3.000 anos antes de Cristo. A primeira passagem que lhe veio à cabeça descreve a aparição de Deus, Krishna, provocando uma luz tão forte como o "Brilho de Mil Sóis". A segunda, estranhamente, parecia ter sido escrita especialmente para ele, cinco milênios antes: "Eu me tornei morte, destruidor de mundos".


Depois disso o mundo nunca mais foi o mesmo...
O resto é história!
 
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Fonte: 
 
Coleção: História em Movimento (Editora Ática)
 
Volume: "O BRILHO DE MIL SÓIS"
A História da Bomba Atômica

Autores: José Augusto Dias Junior
Rafael Roubicek 
 
 Fotos: Retiradas da Internet (Domínio Público)

Até o próximo post.
Forte Abraço
Osmarjun

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